6 de agosto de 2010

Naquele dia

Laurindo acordou com a cara na quina da cabeceira da cama. De súbito, queria morrer e achou interessante a ideia de ter uma boa doença, que o deixasse na cama pela manhã inteira. Talvez pela semana, ou semanas, ou mês, ou meses, ou quem sabe o ano inteiro, a vida inteira. “Por que não?”, pensava.

Estava cansado nos primeiros segundos do dia que estava por vir. De cara, Laurindo já se entediava com a possibilidade de um café ruim que estava por vir. Sabia que a patroa, Eunice, o chamaria, perguntando com a voz estridente: “não vai trabalhar hoje?!”.
Aquele maldito despertador já estava ressoando o tic-tac pelos trigésimos primeiros minutos de todo esse devaneio. A cortina de contas na porta do quarto tilintava irritantemente. “E esses pássaros, hã!?”.

Então decidiu não pensar mais. Levantou, lavou o rosto, beijou Eunice, deu uma golada no café amargo, comeu uns quatro pedaços do pão adormecido, beijou novamente Eunice, bateu o portão e pensou: “Mais um dia!”

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