25 de outubro de 2010

Insuportavelmente conveniente

Tudo que fazemos pode ser premeditado e muito bem planejado. Pensando, nós arquitetamos até os mínimos detalhes do nosso presente e construímos o futuro, como se fossemos políticos de nossos destinos tentando nos convencer e iludir do que é melhor ser feito. Temos certeza que se conseguirmos "aquela casa", "aquele carro" ou "aquela pessoa" – como se pudéssemos possuir alguém – encontraremos a felicidade. Muitas pessoas ganham muito dinheiro com essa idéia tão básica e hipócrita.

Porém, a lógica do adverso e do abstrato, inevitavelmente, tende a aparecer. Certo dia a Clotilde disse ao seu marido:

- Quero o divórcio, Pompeu!

Seu conjugue ficou espantado, pois os 34 anos e 42 dias desde que se conheceram fizera o melhor para atender às necessidades da esposa: dinheiro, festas até o sexo – sabia quase todas as posições da última edição do kama sutra. Pompeu era uma pessoa precavida e bem divertida, admirado pelos seus amigos e também por Clotilde. Mas o motivo da separação foi a mania de perfeição.

Ela sentia-se pequena perto dele.

- O que faltou para ele foi ser um pouco mais patético. - e ela conclui.

A carne pode azedar se você temperar demais.

Nenhum comentário: